Páscoa
Tocar, suavemente, nas próprias feridas
Apenas checando quão sensíveis estão
Bem sei, posso, com ajuda,
Me curar e ser curada,
Tudo ao mesmo tempo,
Nunca completamente independente,
Mas com a ajuda amorosa
de quem toca gentilmente a minha pele também
Estou de portas fechadas, como os discípulos
Aterrorizada
Com medo do que o futuro guarda,
mas também dos terrores do presente
Preciso passar pelo doloroso processo de abrir as portas
Me aproximar das feridas de um Outro
E de outros, também,
Para ir me lembrando, aos poucos,
Que não há Paz sem atravessar o medo
Que não há cura solitária e isolada
Que não há cura de si que não frutifique na cura coletiva
E que não há caminho sem o Outro
que nos redime pela memória